Desejamos
um 2013 de muita sintonia entre o que todos nós sentimos, pensamos e agimos,
postando estas palavras sobre Discurso e
Texto: Dimensão Simbólica e Cidadã do Português Brasileiro e Africano, de
Edwaldo Cafezeiro (Rio de Janeiro: Achiamé, 2011).
Há
muito que eu pretendia escrever sobre esse livro, mas as obrigações diárias afastaram-me temporariamente desse intento. Mas chegou a hora. Ainda bem!
Seu autor, Edwaldo Cafezeiro, é
Professor Emérito Titular de Língua Portuguesa da UFRJ e um dos grandes nomes
dos Estudos sobre Língua Portuguesa, Crítica Textual e Estudos sobre Teatro.
Sua personalidade indagadora, receptiva, porém crítica, sempre aberta ao
diálogo, desperta e encoraja em seus alunos e em seus leitores a prática do
questionamento construtivo. E o que chamo de questionamento construtivo é a
difícil aprendizagem de pensar e de agir com nossas próprias cabeças. Em
Cafezeiro, pensar e construir teorias, obras, história, língua, literaturas, VIDA
e uma Universidade e um país mais justos, mais democráticos, mais humanos.
Cafezeiro faz-nos recordar
Sócrates e sua disposição para o diálogo e para a dialética. Discurso e Texto: dimensão simbólica e
cidadã do português brasileiro e africano é um exemplo dessa disposição. Esse
livro é construído por meio de diálogos. De diálogos entre uma área que vem
crescendo muito na universidade brasileira na atualidade, Análise do Discurso,
e a História da Língua Portuguesa, mas não só.
Nesse livro de importante leitura
para aqueles que desejam ter uma visão mais abrangente e profunda acerca das
dimensões simbólicas da língua portuguesa e para aqueles que consideram ser o
Professor, além de um erudito disposto a explicar e a ensinar (e a aprender),
um intelectual comprometido em combater a alienação em que vivemos, a relevância
que é dada, nas suas páginas, à dimensão cidadã da língua portuguesa, que dá
vida e dá forma a pensamentos em vários continentes e em várias épocas, por
vezes, surpreendentemente surpreende. Porém, nos surpreende no sentido de que
nos desperta para a falta que tal dimensão faz em muitos dos livros que lemos
sobre a nossa língua. Faz-nos pensar também nas dimensões espaciais e temporais
da língua em que falamos, pensamos, sonhamos, vivemos, mas também nas línguas
que foram silenciadas para que ela, a nossa língua, tivesse as dimensões que tem
hoje. Chama a nossa atenção para línguas que conviveram e que convivem com a
língua portuguesa em países, nações, corações, tempos e memórias. E nos
aproxima, por meio de textos literários, retirados de páginas escritas por
autores de várias nacionalidades, de Moçambique, de São Tomé e Príncipe, de Angola,
de Cabo Verde, de Guiné-Bissau, de Portugal e do Brasil de várias épocas e de
várias lutas travadas também por meio do uso do humor e da ironia. Aproxima os Estudos de Língua dos Estudos de Literatura. E se não
bastasse isso, nos mostra que a dimensão cidadã está presente em tudo nesta
vida por mais que nos digam que não.
Discurso
e Texto é um exemplo de exercício do diálogo, da experiência da maturidade
de um intelectual que se mantém sempre jovem para ensinar, para aprender, para
pensar um Brasil mais inclusivo, em que a profundidade e a erudição do
pensamento não estão divorciadas da prática da construção de um mundo melhor.
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