sábado, 29 de setembro de 2012

Mais uma passagem de A Mulher do Dia


Capítulo XXIII – Revolução em Coimbra


Tal qual Maio de 68, uma primavera estonteante, cravos brancos e vermelhos: a Revolução de Abril.

Pelo rádio assisto a seus movimentos. E não acredito que um grupo de pessoas teve a coragem de romper o tédio dos dias. Sustentar a flor do amanhã. A flor que nasce no asfalto, como escreveu o Poeta brasileiro. Nas ruas, nas praças, nas casas. No coração das pessoas. Nos atos das gentes. De Lisboa. A bela Lisboa. Ao Sul, ao Norte. Nas Ilhas. Em Coimbra. A mesma Coimbra da crise acadêmica de 69, quando o protesto estudantil se fez ouvir. A Coimbra de Antero e de Eça de Queirós.

De um sonho cultivado brotou a realidade de Abril. De uma fresta da rotina, avistou-se a mudança. Como sustentar a infelicidade diante da possibilidade de mudança? Como sofrer a resignação de um tempo mesquinho, de uma vida mesquinha diante de tudo o que sonha e pulsa e vive e ousa ser o que é? Como permanecer imóvel diante do vermelho, do branco dos cravos da Revolução de Abril?

Meus livros, minha biblioteca, minhas estantes, todos eles guardam palavras prontas a fabricar o gosto pela liberdade. Através de Fénelon, recebo os ensinamentos dados a Telêmaco, filho de Ulisses, o grande navegante; de Machado, a amargura e a ironia do mundo; de Eça, a sensualidade e a esperança; de Antero, a poesia como missão. E atravesso pontes, mares, montanhas, tempo e espaço Ouço a voz de Voltaire, Montesquieu. Divirto-me com o Cândido ou o Otimismo. Leio as Cartas Persas. Conheço os seis continentes. Aproximo-me do mundo, das mulheres, dos homens, meus contemporâneos. Recito Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Florbela Espanca, Vergílio Ferreira, Sophia de Mello Brainer Andressen. Em todos os jardins. Sou, como escreveu Drummond: do tempo presente, da vida presente. Sou também o que veio antes e o que virá depois de mim.

Pela Rádio, assisto aos estudantes de Coimbra que caminham pelas ruas. Sua juventude é muito mais do que uma idade: é uma atitude. E contagia e leva consigo a atenção daqueles que ainda não crêem em um novo dia. Abre as portas da Universidade. Semeia o novo em solo centenário.

Eu, Eduardo Machado, estou em meu quarto a acompanhar as notícias pela Rádio. Mas, meu pensamento encontra-se com todos os que sonharam e com todos os que constroem a quinta-feira de Abril.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

REFLEXÕES SOBRE CRÍTICA TEXTUAL: importância da institucionalização da disciplina e alguns de seus problemas terminológicos e de precisão conceitual


(texto - com modificações - apresentado no GT de Crítica Textual, no XXVII ENANPOLL, realizado de 10 a 13 de julho deste ano, no Instituto de Letras da UFF)    

 
 

A Crítica Textual hoje, apesar da sua importância para as pesquisas e os estudos que envolvam e que envolvem textos escritos, não se encontra presente, como disciplina obrigatória, na graduação da maior parte das universidades brasileiras. Na Pós-graduação, também não é comum que sejam oferecidos cursos que a tenham como tema. Além disso, essa disciplina convive com gravíssimos problemas terminológicos e de precisão conceitual, como, para só citar alguns, o da definição da abrangência da Crítica Textual, o da polissemia da palavra Filologia e do termo Ecdótica. É sobre esses assuntos, que nos inquietam, que vamos discorrer nestas linhas.

 Sobre a necessidade de institucionalização desta disciplina nas universidades brasileiras, é tarefa urgente e inadiável a passagem da Crítica Textual à disciplina obrigatória nos currículos de graduação de Letras do país, pois há uma grande lacuna nesses cursos quando eles não se ocupam da história da transmissão textual e das transformações que os textos sofrem e sofreram ao longo de suas publicações. Além disso, como passar por um curso de Letras sem receber sequer noções acerca dos tipos de edições, sobre a importância de um texto rigorosamente estabelecido e sobre mudanças realizadas em textos por seus autores e pelo que se convencionou chamar de tradição? Por outro lado, a Crítica Textual será mais divulgada se for amplamente institucionalizada. Contudo, especialmente na área de Letras e de Linguística, o que assistimos, na atualidade, no Brasil, é, como já dissemos no início deste trabalho, é que são minoria as universidades que têm a Crítica Textual como disciplina obrigatória na graduação e que oferecem cursos na Pós-graduação sobre ela.

A ausência da Crítica Textual na Graduação e na Pós-graduação da maioria das universidades do Brasil parece ser um absurdo e mesmo não estar alicerçada em bases científicas, pois sabemos que textos são objeto material de pesquisas na área de Letras e de Linguística, por exemplo, e que é base segura para um estudo científico nessas áreas o cuidado, por parte do pesquisador, em escolher edições confiáveis e de saber que os textos são modificados à medida que são publicados. Também é fundamental, para o bom andamento de uma pesquisa científica nessas áreas, saber como é que os textos chegaram até nós, ou seja, conhecer pelo menos parte da história da sua transmissão. Então, como é que a Crítica Textual pode não estar presente na maioria dos currículos de Letras, já que ela tem papel fundamental em estudos com textos? Será que as universidades que não têm a Crítica Textual em seus currículos trabalham com textos como se esses fossem imutáveis e como se o conhecimento da história de sua transmissão não fosse de fundamental importância para as pesquisas em Letras e em Linguística? Será? É de espantar, mas é o que ocorre na maior parte das universidades de nosso país.

Órgãos de fomento à pesquisa no Brasil como o CNPq, a CAPES e a FAPERJ, para citar apenas alguns, também contribuem para esse estado de coisas, pois não fazem constar em suas famosas listas de áreas e de subáreas a Crítica Textual, o que prejudica, a nosso ver, a valorização e a difusão dessa disciplina no meio acadêmico nacional, já que os pesquisadores da área, para submeterem seus projetos a esses órgãos, têm de filiá-los a disciplinas como Linguística Histórica ou Teoria da Literatura, por exemplo. Tais encaminhamentos acabam levando esses projetos às mãos de pesquisadores que nem sempre acompanham o desenvolvimento e os problemas da Crítica Textual, o que acaba se transformando numa pedra não intransponível, mas numa pedra no caminho à obtenção de uma bolsa de pesquisa. E sem bolsas de pesquisas, sem incentivos a pesquisas, como é que podemos convencer os nossos alunos a seguirem pelos árduos caminhos da Crítica Textual? E aqui fazemos referência a uma frase atribuída a Aristóteles: “As raízes do conhecimento são amargas, mas os seus frutos são doces”. Mas lembramos: para colhermos os doces frutos, alguém teve de plantar a árvore, fincar suas raízes numa terra fértil, preparada para recebê-la.

Acreditamos que esse movimento de plantar a árvore e de fincar suas raízes numa terra fértil, ou seja, de contribuirmos efetivamente para a institucionalização da Crítica Textual a nível nacional, assim como o de sensibilizamos os órgãos de apoio à pesquisa do Brasil a fazerem constar em suas prestigiosas listas a Crítica Textual são tarefas que se impõem também aos membros do GT de Crítica Textual da ANPOLL. 

Outra tarefa que se impõe aos membros do GT de Crítica Textual da ANPOLL é a de contribuirmos para a construção de uma terminologia menos propícia a estéreis problematizações. Por exemplo, a polissemia da palavra Filologia ao invés de despertar a curiosidade de alunos iniciantes em Crítica Textual, os afasta da disciplina, pois muitos não conseguem conviver com a falta de precisão que aquele termo suscita. Filologia, como todos nós sabemos, pode significar estudo histórico de uma determinada língua ou de um conjunto de línguas, o que a faz ser confundida com a Linguística Histórica. Pode também significar Crítica Textual, o que não ajuda o aluno a ter uma maior compreensão acerca da área, pois há também controvérsias a respeito do conceito de Crítica Textual e de seu campo de atuação.

Vejamos. Para alguns teóricos, Crítica Textual é estabelecimento de textos. Ora, Filologia, quando confundida com edição de textos, não é entendida apenas como estabelecimento de textos. Filologia é estabelecimento, interpretação e comentário de textos, por meio do estudo da história da transmissão, da gênese e da recepção textuais, do exame da língua em que esses textos foram escritos e da literatura que os forma e que por elas é formada.

Pelo que podemos verificar por meio do que foi até agora dito neste trabalho e por meio da nossa experiência como professora tanto da graduação como da pós-graduação e, não podemos nos esquecer, como pesquisadora da área, confundir Filologia com Linguística História e também não precisar a abrangência da Crítica Textual (É estabelecimento de texto? É Filologia?), em nada contribui para a expansão e valorização da disciplina que dá nome a um GT da ANPOLL.

 Outra questão importante é que, para a Crítica Textual Moderna, o estudo da gênese textual se impõe e é, podemos dizer assim, possível e necessário, o que a aproxima muito da Crítica Genética, porém não a torna um sinônimo dessa, pois Crítica Genética e Crítica Textual têm objetos formais distintos. Mas, é comum lermos, não em textos escritos por críticos genéticos, que Crítica Genética é uma parte da Crítica Textual, o que vem a aumentar os graves problemas conceituais e terminológicos da nossa área.

Que podemos fazer para contribuirmos no sentido de alcançarmos maior precisão conceitual e terminológica em Crítica Textual?

Acreditamos que devemos incentivar grupos de trabalho a realizarem maior número de congressos, seminários, encontros e simpósios (inclusive, participando mais ativamente na ALFAL), além de fazermos o possível para criarmos e fortalecermos cursos de pós-graduação em Crítica textual e de investirmos em ações que viabilizem a institucionalização da Crítica Textual como disciplina obrigatória pelo menos nas Faculdades e Institutos de Letras do país. Devemos ainda levar aos órgãos de fomento à pesquisa do Brasil a reivindicação de que, em suas listas de áreas e de subáreas, conste a Crítica Textual, além de trabalharmos em sua divulgação por meio da publicação de artigos, livros, edições críticas e mesmo em manuais e tratados de Crítica Textual, além de nos empenharmos numa maior aproximação em relação a pesquisadores estrangeiros, nacionais e mesmo locais.  

Tais ações são exaustivas, mas, com certeza, se concretizadas, contribuirão para o crescimento, expansão, divulgação e institucionalização da Crítica Textual.

 

           

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Início de A Mulher do Dia, romance publicado em 2011, ganhador do Prêmio Clarice Lispector da Diretoria da UBE-RJ

                                      
                                      Quem é esta que surge como a aurora, bela como a lua,
                                                    brilhante como o sol,terrível como um exército
                                                                                           em ordem de batalha?
                                                                                         
                                                               Cântico dos Cânticos






            É preciso abrir as janelas. Escancarar as cortinas. Trazer o sol para dentro da casa. Deixar o calor de seus raios penetrar em todos os aposentos.

É preciso continuar. Continuar. Continuar. Continuar. Arrumar a bagunça das crianças. Regar as plantas. Arrancar as folhas mortas da violeta cor de violeta. Tirar a poeira dos móveis. Limpar o cinzeiro das cinzas do cigarro de Albano.

As janelas estão abertas. É preciso mantê-las abertas. O sol. Amarelo. Faz calor. Há papéis por todos os lados. Livros espalhados pelo chão. Paredes recobertas pelos super-heróis de César e de Cícero. É preciso lavar. Varrer. Passar pano no chão. (Por que Valdelice não veio? Por quê?) É preciso preparar a aula de amanhã: "A literatura no tempo de Augusto".

(Ligo o rádio.) "Bom dia". Horácio. Virgílio. Ovídio. Bom dia. (Dies aperitne ueritatem?). Faz sol. Calor. (Um beija-flor acaba de beijar a flor lilás.) É preciso limpar o espelho. A imagem destorcida no espelho. Os seios da loba (uma miniatura comprada em Roma, durante um encontro de professores de literatura latina). A mãe-loba e seus filhos, Rômulo e Remo. A mãe-loba e seus seios.

São nove horas da manhã. O relógio marca. (Meu rosto). O espelho. O rosto no espelho. (Meu rosto). No quarto de dormir. A mulher refletida no espelho. (Sou eu). Os seios. (Meu corpo). Eu, Eliana.

Professora-Mãe-Dona-de-casa-Amiga-Amante. Não me reconheço. Como posso ter envelhecido tanto? Como posso ter deixado o tempo passar sem me olhar no espelho, a vida conspurcada pelo tempo. Eu que amamentei dois filhos e dei os seios a Albano para seu prazer. Não me pertenço. A vida não me pertence (depois de tantos anos: um casamento; dois filhos; um Doutorado em Roma; algumas publicações acadêmicas; um cargo de Professora Adjunta na Federal) como posso sentir um enorme vazio, uma tristeza devastadora: A SENSAÇÃO DE HAVER PERDIDO O BONDE DA MINHA HISTÓRIA.

Sim, devo estar louca. Devo andar meio desequilibrada. Minhas mãos andam trêmulas e frias. Choro com facilidade. Depois de tantos anos, tenho vontade de largar tudo (marido, filhos, vida acadêmica) e sair por aí à procura de.

Como posso ter pensamentos tão mesquinhos, perversos? Como posso ser tão má?

Devo pensar em outras coisas. Devo ocupar o tempo livre: o ócio é inimigo dos bons pensamentos, das boas ações.

Procuro desesperadamente por um CD, uma música que preencha o vazio do quarto, da sala, da casa inteira.

Jogo os CDs pelo chão. Um a um caem numa cascata de plástico. As flores de plástico não morrem. As flores de plástico. Não. Nada vai me trazer de volta a JUVENTUDE. A pele fresca. Lisa. O brilho nos olhos. A vida desperdiçada em gestos mesquinhos: COTIDIANOS.

TENHO de começar a escrever o texto para a Semana de Estudos Clássicos. Não há tempo de pensar em vontade, desejo, AUTENTICIDADE.

Mas o espelho, o rosto, a loba me perseguem. Por mais que eu tente fugir, cobrir o espelho com um lençol: como quem cobre o corpo de um morto.

Vejo o rosto no espelho. Meu rosto? O rosto daquela que vive de tecer e desfiar tecidos imaginários, intermináveis, cíclicos: a vida foge por entre meus dedos. Tenho medo. Medo.

O Medo invade meu coração. Sim. Vivo de sombras. Tenho vertigens. Minhas mãos tateiam o vazio a procura de algo que as faça preencher o quê?

Procuro um livro na estante. Procuro palavras que tragam um pouco de ordem ao mundo caótico em que vivo. Fujo da dor. (Da loucura?) Preciso resistir. Tenho dois filhos e um casamento. Dois filhos, um casamento e uma carreira acadêmica.

Pego vários livros na estante. Virgílio, Horácio, Ovídio, Tibulo, Propércio (Mas a imagem da loba amamentando Rômulo e Remo me persegue. Não consigo deixar de pensar nela. Por mais que...) Meu Deus, me ajude! Procuro desesperadamente por um livro. Palavras que me ajudem a pensar. No princípio era. O livro. Mas, tenho sono. Deito no sofá e adormeço.


 

sábado, 22 de setembro de 2012

Edição de Texto e Crítica Filológica


Edição de Texto e Crítica Filológica, dos professores Rosa Borges, Arivaldo Sacramento Sousa, Eduardo Silva Dantas de Matos e Isabela Santos de Almeida (Salvador: Quarteto, 2012), tem por epígrafe um poema de Odires Fonseca, que começa com os seguintes versos: Quebrar o brinquedo/ é mais divertido. E não é à toa que o poema de Odires Fonseca serve de epígrafe a esse livro, pois há nesses versos uma interessante analogia com o trabalho do filólogo ou crítico textual que estuda textos modernos.

 Explico: a Crítica Textual Moderna trabalha com originais presentes, como diz o Professor Ivo Castro. Ou seja, com textos que muitas vezes são manuscritos autógrafos com rasuras, substituições, registros de hesitações na escolha de palavras ou ainda com etapas de construção ou versões de uma obra que poderão ou não vir a ser conhecidas do grande público.

Trabalhar com manuscritos, com etapas de construção de textos e com versões textuais é como quebrar um brinquedo. O brinquedo, no caso dos estudos de Crítica Textual, é o texto que pode muito bem ser uma determinada obra literária: um romance, um poema, uma peça teatral. E a Crítica Textual é tão ampla que contempla também estudos de produção, transmissão e circulação de textos.

Felizmente, para os leitores, tal amplitude da Crítica Textual pode ser facilmente percebida nas páginas de Edição de Texto e Crítica Filológica, que estão divididas nos seguintes capítulos: Filologia e Edição de Texto, de Rosa Borges e Arivaldo Sacramento de Sousa; Edição Crítica em Perspectiva Genética, de Rosa Borges; Edição Genética, de Eduardo Silva Dantas de Matos; Edição Interpretativa em Meio Digital, de Isabela Santos de Almeida e Edição Sinóptica, de Arivaldo Sacramento de Sousa. Vale lembrar que todos esses capítulos estão divididos em subcapítulos e esse livro, além de dialogar com autores não comumente estudados em Crítica Textual, apresenta bibliografia atualizada e não foge de questões polêmicas e problemáticas como a da conceituação de Filologia e mesmo a da definição de Crítica Textual que não é tão pacífica como as que aparecem sintetizadas em alguns manuais da referida disciplina.

Edição de Texto e Crítica Filológica traz ainda definições, explicações, exemplificações de tipos de edições, alguns deles pouco divulgados no meio editorial de nosso país e em manuais de Crítica Textual, mas cujo conhecimento é importante e mesmo fundamental ao aluno, ao pesquisador, ao professor-pesquisador-extensionista das Faculdades e Institutos de Letras ou de Filosofia, Letras e Ciências Sociais do Brasil e do exterior. Também não se exime de falar sobre Crítica Textual, Tradução, Adaptação (inclusive numa perspectiva genética, como é o caso do estudo sobre a primeira cena da adaptação de Cândido ou O Otimismo, realizada por Cleise Furtado Mendes de um conto do filósofo iluminista Voltaire), sobre edição interpretativa em meio digital (a do Auto da barca do rio das lágrimas de Irati, da dramaturga Jurema Penna), como também sobre a censura que, nos anos 70, cercava, por exemplo, a produção teatral brasileira. E, nesse sentido, recupera também o nome de um dramaturgo, Fernando Melo, e de atores como Mário Gomes e do saudoso Nestor Montemar, que pouco circulam hoje na mídia e que raramente são citados nos cursos de Letras do país. Tal papel, o de fazer novamente circularem nomes, textos, obras, é característico da Crítica Textual que – e o livro de Rosa, Arivaldo, Eduardo e Isabela destaca isso – não está hoje - e já há algum tempo – voltada apenas às origens, mas, principalmente, à historicidade da produção e da transmissão de textos e de textos e de suas versões e modificações autorais e não-autorais que formam a obra que muitas vezes parece, aos olhos dos leitores, surgida já pronta a partir da inspiração de seus autores e autoras. Fala ainda de Crítica Textual e Informática – o Projeto Cervantes é lá citado-, como também de Artur de Salles e seu projeto não inteiramente concretizado do livro Poemas do Mar, que ressurge da correspondência do escritor baiano e seu amigo Durval de Moraes, por meio do trabalho filológico de viés genético.

Da leitura de Edição de Texto e Crítica Filológica fica clara a importância e a necessidade da Crítica Textual para os Estudos Literários.

Sim, concordo com Odires Fonseca: Quebrar o brinquedo/ é mais divertido.