Soube, por meio de um post de Simone Brantes, no Face, que Euclides da Cunha será o autor
homenageado da FLIP, em 2019.
Apesar do desânimo que me atingiu nestes dias sombrios, gostei de saber que o autor de Os Sertões terá sua obra mais divulgada e, muito provavelmente,
mais lida e estudada. Sim, a literatura também está guardada nos livros, quando
eles estão nas estantes, mas ganha asas quando é lida ou contada ou cantada,
como no caso dos cantadores do nordeste.
Aproveitei
para pegar, na estante, a edição crítica, realizada por Walnice Nogueira Galvão,
de Os Sertões: Campanha de Canudos,
numa preparação para reler o texto de Euclides da Cunha.
Coincidentemente, há poucas
semanas antes das eleições, fui a uma exposição de fotografias intitulada “O
Sertão”, de João Machado, seguindo uma dica da minha filha mais velha, a Izadora, que disse: “ -
vai, mãe, você vai gostar, é sobre o sertão, mas o sertão da Bahia”.
Ela sabe que estou escrevendo um
romance que tem alguns capítulos que se passam no sertão. Sabe também que meu
pai nasceu no sertão da Paraíba. As fotos de João Machado
foram tiradas no sertão da Bahia.
Decidi, então, ir até a Caixa
Cultural, na Av Almirante Barroso, 25, no centro do Rio. Lá chegando e antes de entrar no salão que
abriga a exposição, assinei meu nome no caderno de visitantes e completei a
assinatura com a informação de minha procedência: RJ.
Quando entrei no salão, comecei a
contemplar as fotografias de João Machado, suas cores e símbolos e fui tomada
por grande emoção e compreendi na pele o significado especialmente de um trecho
do texto de Mônica Maia, que aparece com destaque no salão e que também está no
folheto da exposição:
Muito se diz sobre
a fotografia ser a
extensão do olhar,
mas aqui estamos
diante da imagem
como
extensão do coração.
Sim, uma extensão do coração. São
imagens quase mágicas, que estão abrigadas no universo da memória que nos
envolve em histórias possivelmente contadas de geração a geração e que chegam a
nós de diversas formas.
As imagens, muitas delas,
parecem viajar no tempo e ter movimento, numa busca de cada pessoa que as foi
visitar. Parece um encontro já marcada para aquele dia e lugar, um lugar que
nos transporta no tempo e no afeto. Há poesia naquelas imagens. Há nostalgia, sim,
mas esperança pela beleza, grandeza, simplicidade que irradiam. Em uma delas, uma
das “Poéticas Noturnas”, o céu parece estar em movimento, naquela noite, em que
a casa solitária está a espera de nosso olhar, como o passado, num relampejo benjaminiano.
Há ainda a presença do grande São Francisco, de Canudos, de pessoas, de sonhos,
de muitas histórias embaladas pelo amor de João Machado pelo pai e pela terra
em que nasceu, Xique-Xique, na Bahia.
Deixei a sala com um sentimento de
plenitude e, antes de sair daquele lugar, voltei ao livro de registro de
visitantes, respirei bem fundo e completei a informação de minha procedência
com a sigla: PB. Sim, o sertão também está em mim como em muitos de nós que
nascemos e/ou que vivemos aqui no Brasil e em outras partes do mundo.
Ainda há tempo de visitar “O Sertão”,
de João Machado. A exposição está aberta ao público, de terça a domingo, das 10
às 21 horas, até o dia 2 de dezembro.
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