Volto
a postar neste Blog, apesar de andar bastante desanimada com a situação do
nosso país. Vivemos tempos sombrios. Porém, é preciso resistir e, para
resistirmos, nada melhor do que fazermos o que mais gostamos: no meu caso,
escrever e ler; ler e escrever. Então, lembrei-me que, no dia 1o de
agosto, faria aniversário a grande escritora Stella Leonardos. Faria, porque,
para tristeza daquelas e daqueles que a conheceram, ela faleceu neste ano de
2019.
Stella
era uma das grandes incentivadoras de escritoras e de escritores iniciantes e
que ainda não haviam conseguido a tal almejada divulgação da obra, coisa tão
difícil neste país marcado por opressões e desigualdades, e ela permanece como
uma das mais diversificadas e importantes escritoras que o Brasil já produziu.
Dramaturga,
romancista, poetisa, Stella Leonardo legou à posteridade uma vasta obra e tinha
um vasto coração. Foi, durante muitos anos, Secretária Geral da União
Brasileira de Escritores –RJ e não se cansada de ler originais, escrever
orelhas, segundo ela, asas, conforme aprendera com Homero Homem, e prefácios de
livros, apesar de também dedicar-se à realização de sua extensa obra que
mereceu elogios de um dos nossos maiores poetas. Seu nome: Carlos Drummond de
Andrade. [1]
Idealizou o Projeto Brasil. Desse Projeto,
publicou em torno de 56 livros.
Stella, além de ter sido uma estudiosa da
literatura, era pesquisadora de várias línguas, além de também debruçar-se no
estudo do folclore e da história do Brasil.
Recebeu vários prêmios literários, inclusive
no exterior.
Participou também das famosas reuniões na
casa de Plínio Doyle: os Sabadoyles.
Praticou o que chamamos de sororidade.
De Stella, podíamos falar muito mais. Porém
é preciso ouvir a voz de sua Poesia, ainda mais nestes tempos de tanta
desesperança e de tamanha intolerância com as diferenças; de ataques aos povos
originários, de destruição do meio ambiente; de poluição das águas, boa parte
delas outrora potáveis, outrora sinônimas da vida. Um detalhe: a poesia de
Stella trabalha também com a materialidade do poema. No caso, a disposição
tipográfica lembra o vai e vem das águas de um rio onde há mudança, permanência,
fecundidade, acolhimento, aconchego e germinação de vida.
Com
vocês, uma parte de Irmão Índio e Irmã
Água, XII – Terras de Tocantis: Até Sempre:
Adeus, fraterno convívio
dos longínquos araguaias,
dos índios de quatro etnias
das terras de Tocantins
Adeus,
amigos indígenas
do respeito compartido.
Vou-me.
Mais do que visita
alguém que aprendeu saudade
antes mesmo da partida. [2]
[1] Sobre orelhas de livros como asas, essa informação foi
colhida na página 17 de LEONARDOS, Stella. UBE: algumas notas saudadeadas. In: RenovARTE. Revista da União Brasileira
de Escritores, Rio de Janeiro, no. 1, p. 17-26, 2008.
Para a capa da Revista RenovArte foi fotografado, por Marlene Fonseca Lima, o quadro Stella Leonardos, de Israel Pedrosa. A arte da capa da referida revista é de Fernando Teixeira. Tais informações podem ser lidas na própria Revista RenovArte, número 1.
Para a capa da Revista RenovArte foi fotografado, por Marlene Fonseca Lima, o quadro Stella Leonardos, de Israel Pedrosa. A arte da capa da referida revista é de Fernando Teixeira. Tais informações podem ser lidas na própria Revista RenovArte, número 1.
[2] LEONARDOS, Stella. Irmão Índio e Irmã Água. Projeto
Brasil – Água. Goiânia: Kelps, 2010, p. 30.
Fotografamos, para este Blog, tanto a capa da Revista RenovArte quanto a do livro de Stella aqui citado.
Fotografamos, para este Blog, tanto a capa da Revista RenovArte quanto a do livro de Stella aqui citado.
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