sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Stella Leonardos


Volto a postar neste Blog, apesar de andar bastante desanimada com a situação do nosso país. Vivemos tempos sombrios. Porém, é preciso resistir e, para resistirmos, nada melhor do que fazermos o que mais gostamos: no meu caso, escrever e ler; ler e escrever. Então, lembrei-me que, no dia 1o de agosto, faria aniversário a grande escritora Stella Leonardos. Faria, porque, para tristeza daquelas e daqueles que a conheceram, ela faleceu neste ano de 2019.
Stella era uma das grandes incentivadoras de escritoras e de escritores iniciantes e que ainda não haviam conseguido a tal almejada divulgação da obra, coisa tão difícil neste país marcado por opressões e desigualdades, e ela permanece como uma das mais diversificadas e importantes escritoras que o Brasil já produziu.
Dramaturga, romancista, poetisa, Stella Leonardo legou à posteridade uma vasta obra e tinha um vasto coração. Foi, durante muitos anos, Secretária Geral da União Brasileira de Escritores –RJ e não se cansada de ler originais, escrever orelhas, segundo ela, asas, conforme aprendera com Homero Homem, e prefácios de livros, apesar de também dedicar-se à realização de sua extensa obra que mereceu elogios de um dos nossos maiores poetas. Seu nome: Carlos Drummond de Andrade. [1]
 Idealizou o Projeto Brasil. Desse Projeto, publicou em torno de 56 livros.
 Stella, além de ter sido uma estudiosa da literatura, era pesquisadora de várias línguas, além de também debruçar-se no estudo do folclore e da história do Brasil.
Recebeu vários prêmios literários, inclusive no exterior.
Participou também das famosas reuniões na casa de Plínio Doyle: os Sabadoyles.
Praticou o que chamamos de sororidade.
De Stella, podíamos falar muito mais. Porém é preciso ouvir a voz de sua Poesia, ainda mais nestes tempos de tanta desesperança e de tamanha intolerância com as diferenças; de ataques aos povos originários, de destruição do meio ambiente; de poluição das águas, boa parte delas outrora potáveis, outrora sinônimas da vida. Um detalhe: a poesia de Stella trabalha também com a materialidade do poema. No caso, a disposição tipográfica lembra o vai e vem das águas de um rio onde há mudança, permanência, fecundidade, acolhimento, aconchego e germinação de vida.
Com vocês, uma parte de Irmão Índio e Irmã Água, XII – Terras de Tocantis: Até Sempre:


  Adeus, fraterno convívio
                dos longínquos araguaias,
 dos índios de quatro etnias
                das terras de Tocantins


Adeus, amigos indígenas
      do respeito compartido.

Vou-me. Mais do que visita
           alguém que aprendeu saudade
 antes mesmo da partida. [2]

 






[1] Sobre orelhas de livros como asas, essa informação foi colhida na página 17 de LEONARDOS, Stella. UBE: algumas notas saudadeadas. In: RenovARTE. Revista da União Brasileira de Escritores, Rio de Janeiro, no. 1, p. 17-26, 2008. 
       Para a capa da Revista RenovArte foi fotografado, por Marlene Fonseca Lima, o quadro Stella Leonardos, de Israel Pedrosa. A arte da capa da referida revista é de Fernando Teixeira. Tais informações podem ser lidas na própria Revista RenovArte, número 1.
[2] LEONARDOS, Stella. Irmão Índio e Irmã Água. Projeto Brasil – Água. Goiânia: Kelps, 2010, p. 30.
      Fotografamos, para este Blog, tanto a capa da Revista RenovArte quanto a do livro de Stella aqui citado. 

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