quarta-feira, 15 de abril de 2020

A vida urge

Volto a publicar no blog Crítica & Arte porque gosto muito de escrever e acho que está mais do que na hora de fazermos aquilo que gostamos de fazer. Essa pandemia desnaturalizou o deixa para depois. A vida adiada para a satisfação de nem sabemos quem: os patrões? Os empresários? Os banqueiros? As contas que chegam todos os meses?
A meu ver, uma escritora escreve para ser lida e apesar de ainda não ter um número grande de leitoras e de leitores, tenho algumas e alguns muito querid@s. Inclusive, uma ex-aluna muito querida, a Katiane, me pediu para continuar a escrever no blog. Enfim, volto a escrever, pois não posso viver de um futuro, como o estampado numa estação de metrô em Lisboa. O que vamos fazer hoje? Não devemos adiar. A vida urge. Então, escrevo e vou falar da viagem que fiz recentemente a Portugal, mas não só sobre isso. Um assunto puxa outro e…
         Bem voltei de uma viagem de pesquisa a Portugal e ainda durante a viagem já estávamos vivendo esta situação provocada pela pandemia de COVID-19. Cheguei a ficar com receio de não conseguir voltar para o Brasil, mas regressei ao Rio no dia 16 de março e esse foi o dia em que dei início à quarentena.
Sobre a viagem, guardo ótimas lembranças dela. Consegui recuperar meu ânimo, ânimo este que me dá forças para viver este isolamento social, pois andava muito triste com os acontecimentos políticos do nosso país, que parece condenado a uma eterna subalternidade, a uma eterna desigualdade pelas chamadas, por Jessé Souza, elites do atraso.
Mas voltemos ao relato sobre a viagem: cheguei a Lisboa e grande parte das árvores daquela capital estava sem folhas. O tempo passou, em torno de 25 dias, e as folhas começaram a nascer, assim como pequenas margaridas nos gramados, detalhes que nos ajudam a perceber a força da vida.




Aqui em nosso país, as estações do ano são mais sutis. Não é verdade que temos apenas duas estações. Não. As quatro existem, mas apenas o verão aparece com mais força. O outono, no Rio, é a estação em que o céu fica mais bonito, límpido, quase sem nuvens. Maio, um dos meses da Comuna de Paris e das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, é um dos mais lindos na cidade em que nasci. Mas falemos sobre a recente viagem que fiz a Portugal.
Fui para pesquisar na Biblioteca Nacional, em Lisboa, mas tive a oportunidade de ir a Coimbra e ao Porto


BN-Lisboa


Nunca havia ido a Coimbra. Estive nos degraus da Sé Nova, onde Eça de Queirós conheceu Antero de Quental. Pude conhecer também a belíssima Biblioteca Joanina. No prédio, havia uma exposição sobre Sophia de Mello Breyner Andresen, poeta que muito admiro. 


Coimbra e o Mondego


Coimbra

Coimbra
Coimbra

Pude também caminhar pelas ruas de Coimbra e procurar, com a ajuda do google maps e indicações de um amigo querido, a casa em que Eça de Queirós morou, quando era estudante. Encontrei a casa e tive a impressão de se eu começasse a chamar por Eça, ele apareceria na janela do número 12 da rua do Loureiro. E diante de toda aquela atmosfera, imaginei a força de uma geração que não se curvou diante do peso de um passado estampado naquelas paisagens e naquelas construções. 


Também percebi a constante recordação da Revolução dos Cravos, ainda hoje, nas ruas, no metro, em exposições, como a excelente o Tempo das Mulheres, fotografias de Alfredo Cunha e textos de Maria António Palla, que tive a oportunidade de visitar, no Museu de Lisboa. Uma exposição que tem início com uma foto de uma bebê prematura em uma incubadora, antecedida pelo título:
                           A infância O SOL DA VIDA
                                           THE LIFEGIVING SUN
                                                            (continua)

Lisboa





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